segunda-feira, março 19, 2007

Um político que ama a sua terra!

Vejam bem, eu conheço o mundo, sei que temos de preparar o futuro e sei que o não estamos a fazer. Esta terra é atrasada, é pobre e é miserável. Quem é que pode viver aqui? Nem sequer há saneamento básico!...
Han? Bom, afinal, já há saneamento básico, mas o que interessa é que é uma terra muito atrasada. A electricidade não chega a todas as casas...
Já chega? Já chega a todas as casas, mas o telefone não!...
Também já chega, mas isso não retira o que estou a dizer. Meus senhores temos que fazer alguma coisa por esta terra. Por exemplo, precisamos de estradas e transportes como quem precisa de pão para... ah! pois já há estradas e transportes mas onde é que está a escola que tanto precisamos?...
Ao lado da biblioteca? Pois. Mas vejam a dimensão desta terra! Não passa de uma vila deprimida... Cidade?... De uma cidade deprimida, sem indústria... Ah! Pronto, sem indústria, excepto na zona industrial. Mas é preciso ir mais além, onde é que podemos aceder à internet aqui? Pergunto eu, onde?...
Ah! No cybercafé... E na biblioteca... Claro, claro... Mas isso não retira o essencial: é uma cidade atrasada que tem que se modernizar rapidamente ou as pessoas fogem todas para Lisboa...
Já estamos em Lisboa, isto é Lisboa? Pois claro que é, pois claro... Bom, agora se não se importam vou andando que ainda tenho muita coisa para... apanhar.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Fernando Rocinha – 1477-15??


O “homem do leme”, como lhe chamava Pedro Álvares Cabral que o arrancou das sarjetas junto às tascas de Lisboa, no tempo em que ele nem se desviava de um “água vai”. Famoso pela sua perícia em pilotar barcas na Ria Formosa, foi recrutado pelo descobridor do Brasil para pilotar a caravela que encabeçava a segunda expedição à Índia em 1500. Acabaria por ser o “Nandinho” o responsável pela descoberta da Terra de Vera Cruz.

A expedição
A presença do Rocinha nunca foi bem vista na expedição. Os seus hábitos alcoólicos eram conhecidos por todos e Nicolau Coelho tinha-o recusado na expedição de Vasco da Gama onde foi um dos comandantes. Os irmãos Dias, Bartolomeu e Diogo, (o primeiro foi o primeiro a dobrar o cabo da boa esperança e havia de lá morrer nesta expedição) consideravam Rocinha um bêbedo que não merecia a bebida que lhe circulava no sangue. Num acesso de raiva, Rocinha chegou a dizer a Bartolomeu: “Os teus dias estão a chegar ao fim”. Outro grande inimigo de Rocinha era Pêro Vaz de Caminha que o apagou por completo da crónica da expedição.
O próprio rei, D. Manuel, terá dito a Cabral para ele deixar o bêbedo Rocinha em terra e já agora, de caminho, investigasse a informação de que haveria terra em frente a África. A expedição partiu e Rocinha ia tremelicante mas sóbrio.

A descoberta
Perto de Cabo Verde, porém, a vida de Rocinha ia mudar. A nau que levava o companheiro de desgraças de Rocinha — José Vidigal — desapareceu misteriosamente. Rocinha desgostoso aguentou-se. De seguida, frente à Guiné, a expedição “toma o barlavento”. O italiano Vespúcio não sabendo de nada resmunga e culpa Rocinha que já estava fora de si de tanto tempo sem beber. Mas era Cabral que mandava e avançou-se. O vento porém, mudou e a armada volta às costas de África. Cabral, consciente de ter feito o que podia, deu ordem para seguir para sul e foi-se deitar. Mas Rocinha, ao leme, sozinho, desgostoso decidiu aquecer-se e embebedou-se que nem um porco em alto mar. Quando acordaram já as naus estava perdidas. Pouco depois avistavam-se indícios de terra. O resto é história.

O primeiro presidente do Brasil
Mas Fernando Rocinha não seguiria na expedição. Depois de ver as “moças muito moças e gentis, com cabelos muito pretos e compridos a tombar pelas espáduas e suas vergonhas tão altas e cerradinhas que delas vergonha não pode haver”, Rocinha decidiu ficar, para alivio de todos excepto do nativos. Com ele ficaram dois degredados e um grumete que ele nomeou ministros. Até voltarem os portugueses, Rocinha viveu como um presidente brasileiro, o primeiro. Mas a partir daí, a história deste homem que também foi o primeiro antimonárquico de que há história, continua por fazer. Rocinha acabou desgraçado. Hoje, dele, apenas resta o nome da maior favela do Rio de Janeiro.